Já coloquei logo no título a minha opinião sobre o assunto pois por mais argumentos que possam existir nada me convence que essa é uma medida justa (principalmente já que trata-se de aumento de impostos que acabam indo para o governo e no final ninguém sabe o destino). Sei que já deveria ter feito esse post faz tempo, o assunto já deu muito o que falar, mas antes tarde do que nunca né? Depois de ler a Dilma falando que quer pressa na tal aprovação eu não me contive…

                                                                           Foto:Google             

Para quem pegou o bonde andando, um dos assuntos que mais se discute atualmente nesse mercado é o movimento que algumas vinícolas nacionais estão fazendo para aumentar (AINDA MAIS!!! E já provo o porquê dessas letras garrafais) o impostos cobrados aos vinhos estrangeiros, por se tratar de “concorrência desleal” (???). Agora me digam, desde quando entregar um produto melhor e com um preço menor é injusto? E eles também querem cotas de importação por país (com exceção de Argentina e Uruguai que são do Mercosul). Em uma reportagem da Veja, o Sommelier Arthur Piccolomini de Azevedo falou: “Ainda se fosse apenas um aumento de imposto, já seria um absurdo, mas ainda daria para manter a oferta. No entanto, quando se estabelece uma cota por país, quando ela acaba, o mercado fica sem abastecimento. Contra isso, não há remédio. O maior beneficiado será, certamente, o vinho argentino”, diz.
Quando fui agora à Italia vi uma garrafa de Don Melchor, top chileno da Concha y Toro vendido AQUI NO BRASIL por cerca de R$ 320,00 por (pasmem!) EUR 45 (ou cerca de R$ 100,00) na Toscana. Os italianos sabem que produzem vinhos ótimos e os vinhos importados precisam ser muito bons e baratos para competir com o produto local: isso chama-se livre concorrência. Não se tratava de promoção e para provar a ironia, era vendido na loja da própria vinícola Banfi (que teoricamente seria concorrente?) E abaixo a prova:

A revista Veja, em outra reportagem super interessante sobre o assunto, citou também o economista Adam Smith e uma situação bem parecida que aconteceu com a Inglaterra no século XVII quando havia um déficit na balança comercial com a França e o custo poderia superar em 30 vezes um Bordeaux para se conseguir fazer um produto no mesmo nível. O que ele enfatizou é que a exportação de lã seria uma boa medida para o equilibrio. O resumo foi que a Inglaterra nunca produziu um bom vinho e o que se destacou por lá foi o Whisky e cerveja (e a nossa cachaça onde fica???). E isso é uma coisa óbvia: quem entende de vinhos sabe que um “terroir” (ou seja, as caracteristicas minerais e todo o conjunto do solo/região) nunca poderá ser reproduzido fielmente em outra região e justamente por isso que é tão interessante brincar com os sabores e harmonizar aromas típicos de cada uma. Ou seja: NUNCA teremos “Borgonha no Brasil”! E é justamente por isso que não podem ser comparados um pinot noir ou Merlot francês com um equivalente brasileiro! E isso não prejudica apenas os consumidores, mas a eno-gastronomia como um todo… Onde está o governo para pensar nas lojas que revendem os tais vinhos e os impactos que as medidas podem causar para pequenos empresários do ramo?
Não estou desmerecendo o produto nacional, gosto de diversos rótulos e acho inclusive que a industria nacional vem crescendo e aprimorando a qualidade cada vez mais. Só que “boicotando” o mercado, o governo encontrou uma solução PREGUIÇOSA, BURRA e pseudo-populista para desenvolver a indústria já que o boicote agora tem dois lados: os grandes restaurantes nacionais já retiraram do seu menu os rótulos envolvidos em tal movimento e apreciadores de vinho também entraram no boicote a essas marcas.  Eu não beberei mais Miolo, Dal Pizzol, Casa Valduga, Aurora, Aliança, Lovara e Don Giovanni, que são as criadoras de tal movimento (pelo menos até que isso tenha sido de fato resolvido). A Salton que antes apoiava o movimento mudou de posição. É importante ressaltar que nem todos os produtores estão envolvidos! Eu, como apreciadora de um bom vinho, certamente farei a minha parte, não apenas boicotando essas marcas como levando a conhecimento de quem ainda não teve muitas informações.
Em poucas palavras: a maneira de desenvolver a indústria nacional não é empurrando goela abaixo dos brasileiros um produto de qualidade inferior. São necessários incentivos e medidas de desenvolvimento para que o produto nacional cresça e aprimore cada vez mais a sua qualidade. E por que não diminuindo os encargos sobre tais produtores? Isso claro que o governo nem cogita…