Bem antes de o Central se tornar um dos principais (e agora o número 1) restaurante do Peru e da América Latina, eu já acompanhava… Ficava super curiosa pela combinação de ingredientes, provenientes do próprio país. Como nunca havia ido ao Peru deixei-o na lista para quando tivesse alguma oportunidade e cheguei ao ponto de indicar para algumas pessoas que iam ao país sem nunca mesmo ter ido (nessa época ainda não eram os primeiros da lista).
Eis que a viagem chegou, a passagem estava marcada e eu finalmente conheceria o Peru (e o Central?). Claro, como qualquer outro restaurante super estrelado e badalado achava pouco provável conseguir uma reserva (ressalto: não me identifiquei como blogueira para conseguir “uma vaguinha”) e faltando 3 semanas para a minha viagem fui tentar minha sorte! Pelo site fui informada que reservas apenas por email e que era preciso uma média de 60 dias de antecedência. Já fui perdendo as esperanças, mas vamos lá né? Não custa tentar…
Envio o meu email solicitando jantar em qualquer uma das 3 noites que eu estaria por lá, mais precisamente às 20h, e logo em seguida uma resposta! Pensei: “Wow, eles são rápidos!”, mas doce engano, eram daquelas mensagens automáticas informando que eles responderiam em até 3 dias. Passaram-se os 3 dias e veio a resposta: reserva confirmada para o ALMOÇO no dia X às 13h! (oi???).
Claro, enganos acontecem… Logo respondi afirmando que não poderia almoçar, repeti as datas possíveis bem como o horário. E logo em seguida de volta a tal mensagem: prazo de 3 dias para resposta.
3 dias depois a resposta que tive foi a seguinte: só teriam disponível então na “área de coquetelaria”, onde apesar de não servirem o menu degustação serviriam alguns pratos. (lembrando, já havia se passado 6 dias desde a minha solicitação inicial!). Respondi que sim, pedi para confirmarem a reserva nessas condições.
Daí 1, 2, 3, 4, 5 dias se passaram e nada! Mandei vários emails pedindo resposta e a única que chegava a cada vez era a tal automática dizendo que em 3 dias responderiam… Então decidi ligar e me disseram para aguardar a resposta por email (como se eu não estivesse esperando né?). Até que finalmente, quando eu já havia perdido minhas esperanças recebo uma confirmação, para um número de pessoas diferente do que eu havia pedido, mas ok, desisti de qualquer comunicação extra com o restaurante que levaria mais vários dias e certamente complicaria tudo.
O grande dia chegou (eu confesso que já não estava mais tão animada depois de tudo que passei para conseguir um lugar no bar)! Vou conhecer a tal área de coquetelaria… E logo na entrada já peço para que caso houvesse alguma desistência nos colocarem em uma das mesas para conhecer o famoso menu. Passam 5 minutos e a mesa aparece! Não me perguntem como… O que me surpreende é a quantidade de mesas vazias que permaneceram assim durante todo o jantar. Claro que entendo que existam desistências, mas será que o número 1 da América Latina pode ter um sistema de reservas assim? Confesso que tentei esquecer tudo, mas me pareceu algo intencional, algum tipo de marketing, será? Enfim…
Abaixo o polvo que comi enquanto esperava a mesa… Texturas diversas, apresentação linda, porém pecando um pouco no excesso de sal.
Enfim a mesa estava pronta! E ao subir pude ver a cozinha aberta onde vemos os cozinheiros concentradíssimos preparando menus. E ao lado de nossa mesa uma demonstração do que seriam ingredientes locais utilizados nos nossos pratos. Achei muito original, principalmente por logo atrás vermos o laboratório onde as pesquisas e testes são feitos…
Eles possuem duas opções de menu degustação: um de 11 e outro de 18 pratos… Fui no de 11. Algo inegável é a preocupação com a apresentação de todos os pratos e com a utilização de ingredientes provenientes de todo o país: no menu inclusive aparece a altura de onde esses ingredientes são colhidos (variam de 5 a 3.900m de altitude).
Segunda etapa é uma seleção de pães, com ingredientes locais e para acompanhar aji. O de coca era absurdamente crocante e um cheiro bem forte de erva queimada. Excelentes!
Levei um certo susto com a etapa seguinte quando chegou esse prato congelado com vegetais e umas minhoquinhas que achei que fossem para comer. Felizmente estava errada! Mais uma vez surpreendendo com a apresentação…
O próximo prato era como eles chamavam de uma “vieira local”, coberta por fruta cítrica e muito bem temperada! Ou seja, o menu evoluindo muito, muito bem!
Já havia comido polvo no bar, mas esse superou e muito. Tempero no ponto e acompanhado de um algodão doce, só que salgado, bastante diferente.
Quando pensamos em frango vem algo meio comum na cabeça né? Não é o que acontece na etapa seguinte. Esse prato ficou marcado, estava fenomenal e as pérolas (ou “caviar” como se fala por aí na gastronomia molecular), não foram fabricadas, são retiradas de lagos e fabricadas por bactérias… Realmente era perfeito, muito mesmo!
O seguinte era uma combinação de 3 quinoas, servida ao lado de um caldo de bezerro e coberto com raspas de coração de bezerro seco (vejam no prato de trás, os corações são decorativos e vêem junto com o pote do caldo que é colocado na hora).
Todas as sobremesas surpreenderam, principalmente por eu não ser uma pessoa muito de doce… Nada de açucar em excesso ou de apelação. Surpreendente e delicioso fechando com chave de ouro para deixar lembranças! Aplausos!
No final do jantar fomos conhecer a horta do restaurante onde eles cultivam grande parte das ervas que comemos durante o jantar…
E claro, conhecer a equipe… O chef não estava por lá no dia mas fizeram bonito do mesmo jeito. O restaurante sem dúvidas é um dos melhores da América Latina, mas certamente sendo o número um não pode pecar dessa forma no atendimento ao cliente. Um sistema de reservas online (como o Astrid y Gaston do Peru já possui) poderia ser uma solução. Ou mesmo a contratação de alguém exclusivo para essa função… Sim, quero muito voltar!