Não sabia como começar esse post. Da viagem de férias era um dos mais importantes a ser publicado, mas não sabia como começar e expressar a experiência sensacional que tive nessa vinícola italiana, produtora de um dos (se não o melhor) Chianti Classico: Castello di Ama. Vale a pena ler cada pedacinho desse post… Eu costumo escrever pouco, mas nesse caso, cada detalhe, cada foto e palavra são necessários! Foi uma experiência única!
A maneira que descobri a tal vinícola foi no mínimo inusitada: twitter da super chef Roberta Sodbrack, que eu tanto admiro em que ela publicou a foto de um azeite “Castello di Ama” dizendo algo parecido como “ouro líquido“. Vindo dela, claro que despertou demais a minha atenção, não só por sua opinião ser sempre lei, mas principalmente por eu ser louca por azeites. Fui pesquisar e descobri que eles produziam vinhos também, no site falava que eles também possuíam obras de arte, achei que pudesse ser algo como um museu…
Agendei a visita, ficava na região de Chianti e decidimos ir em frente, mesmo às escuras: ninguém havia nos recomendado a tal visita e não sabíamos o que nos esperava… E acabamos sendo SUPER SURPREENDIDOS! Não sei se as fotos vão traduzir suficientemente as sensações, mas vou tentar!
Inicialmente, para quem não conhece, Chianti Classico é uma denominação de origem controlada para vinhos produzidos especificamente naquela região e os que tem a palavra “classico” são considerados os melhores (apesar de o Chianti ser produzido em uma área muito maior, o Chianti Classico pode apenas ser produzido numa área super restrita).
Mas voltando à visita, a primeira surpresa foi quando fomos ver a plantação. Além de toda explicação sobre o que diferencia a plantação de uvas de lá, fomos surpreendidos quando o que parecia uma divisão de horta ou alguma futura obra era uma obra de arte super original! Vários e vários mini-muros, replicando os grandes divisores mundiais como: muro de Berlim, a grande muralha da China, o muro entre USA e Mexico, de Israel, etc.
O que a meu ver seria um museu era algo completamente diferente e muito, mas muito interessante: os artistas vão até a vinícola e constroem suas obras em um pedaço específico, representando algo que interage com a própria paisagem do lugar. Todas as obras de arte foram construídas para de fato estarem lá! E as explicações de onde cada obra surgiu e o que inspirou é um capítulo à parte… Só mesmo conhecendo para entender!
E a cada espaço que conhecíamos ficávamos ansiosos pela próxima obra de arte e a explicação por trás… E éramos sempre surpreendidos! No meio da vinícola por exemplo, tinha uma casinha. Na obra abaixo, ao contrário da primeira que prega a separação entre territórios, mostra a invasão de privacidade e como entramos na vida dos outros. Com essa luneta, podemos ver o que se passa na mesa de jantar daquela pequena casa… E a obra do artista estava lá na tal casinha (mas não tive como fotografar, por motivos óbvios né? Terão que ir lá para ver haha!)
Já a obra abaixo faz com que a paisagem pareçam quadros numa parede formada de espelhos que refletem a propriedade.
Já essa foi criada por um artista africano e tem muita relação com o apartheid, com lâminas super cortantes entre as frestas.
Essa obra foi criada de forma que incessantemente se encha e esvazie como em um ciclo constante. Como o ciclo da vinícola…
Até mesmo dentro da capelinha, no meio dela uma luz vermelha que não se sabe como era produzida, feito por um artista indiano. Até o mistério ser revelado pela guia rs…
Essa é super interessante. Reparem que a imagem forma duas palavras: Lover e Revolution (de trás para frente)
Essa obra mostra que o pedaço pode ser multiplicado, pelo jogo de espelhos
Esses vidros que reluzem no meio dos barris de vinho têm na verdade o formato de orgãos do corpo humano, como pulmões, fígado, … O artista dessa obra não conseguiu terminá-la e faleceu antes de completá-la com isso foram dispostos dessa forma.
E uma visão completa do terroir da região que não pode ser replicado em nenhum outro lugar. E justamente por isso que o Chianti Classico só pode ser produzido por lá. Vejam a quantidade de camadas…
E claro que uma das melhores partes foi a degustação! E claro que na sala de degustação também passou um artista! E ele colocou pensamentos e ilustrações por todas as paredes, não conseguia parar de ler cada mensagem, vejam só que interessante:
Agora sobre a degustação, não só pudemos constatar o quanto Chianti Classico que produzem é fantástico, como também o Merlot: eles citaram o caso de uma degustação às cegas entre grandes entendedores em que o “L’ Aparita” foi rankeado acima do Chateau Petrus. Eu provei esse Merlot e garanto: é FENOMENAL!
E chegou a hora do azeite… E todos estava ansiosos para que eu provasse. O motivo é simples: Castello di Ama é muito famoso pelos seus vinhos fenomenais, e geralmente as pessoas vão até lá focadas na vinícola. Claro que eles acharam o máximo alguém chegar lá pelo azeite, né? O que posso dizer depois de provar o tal azeite é: faço das palavras da chef Roberta Sudbrack as minhas!
Eles explicaram que há de fato algo especial do azeite deles, as azeitonas são prensadas assim que colhidas, diariamente, o que faz um sabor e textura únicos!
A visita ficou de fato marcada, tomamos ainda várias garrafas do Chianti Classico durante a viagem. Meu marido elegeu um dos melhores e em todo restaurante que víamos era pedida certa. Recomendo a quem for conhecer a região agendar e conhecer esse lugar incrível!